Passado duas décadas da Rio 92, em junho de 2012, a capital carioca recebeu novamente a conferência sobre sustentabilidade, a Rio+20, que discutiu os rumos e os desafios do desenvolvimento sustentável para os próximos vinte anos.
Nesse encontro com representatividade de povos do mundo todo, mais do que uma discussão do quanto que se progrediu nesse período, a expectativa foi de que novas diretrizes e posicionamentos sejam tomados.
Como crescer, produzir, consumir protegendo a natureza? E ainda quando defendemos a sustentabilidade, o desenvolvimento deve ser econômico, ambiental E SOCIAL.
Existem metas para as pessoas viverem mais iguais? Existem metas para acabar de vez com a fome no mundo? Como falar de ambiente sustentável considerando as desigualdades? A condição da mulher na sociedade é levada em conta?
Temos que reconhecer a grande diferença que ainda existe entre papéis sociais de gênero, e o como mulheres e homens são incluídos nos processos de decisões relacionados ao destino das cidades, dos países e do mundo.
Historicamente as mulheres foram alijadas dos processos de decisões políticas. A elas compete o cotidiano das ações, dificilmente o cotidiano das decisões, e são extremamente afetadas por estas decisões, pois, são elas as responsáveis por muitas funções que asseguram com que a rotina da vida diária aconteça da melhor forma possível.
São elas que permanecem mais tempo em casa, nas suas comunidades e mantém uma relação muito próxima com os recursos naturais. Muitas vezes, são suportes nas comunidades e provedoras das famílias. São elas que utilizam em maior parte os serviços de saúde e de assistência social, e estes serviços também são realizados por mulheres em grande parte.
Elas reconhecem a importância do desenvolvimento local e do meio ambiente para o bem estar de seus filhos e em geral, e em muitas vezes coloca as necessidades dos outros antes da sua própria. São altruístas. E assim são mais receptivas às necessidades de outros grupos, principalmente de grupos mais vulneráveis.
É emergente a necessidade de promover um desenvolvimento sustentável, assim, torna-se da maior importância assegurar que as mulheres tomem parte ativa, igualitária e decisiva em todos os níveis.
Hoje temos a Presidenta Dilma, vemos os índices positivos de redução da mortalidade materna, atenção maior às mulheres chefes de família e elas conquistando cada vez mais espaços nos bancos escolares. MAS a violência contra a mulher insiste, onde assistimos diariamente assassinatos, casos de abusos sexuais e desigualdade no trabalho. Mulheres discriminadas e tolhidas de sua liberdade de ir e vir.
Falar de desenvolvimento sustentável é levar em conta as desigualdades sociais persistentes entre homens e mulheres. Essa realidade é estruturante e persiste em nossa sociedade.
Em 2012 o IDG - Índice de Desenvolvimento de Gênero apresentado pelo PNUD coloca o Brasil em 80ª posição. Atrás de países como o Chile, Argentina, Peru, Venezuela e até atrás de países árabes como a Líbia, Líbano e Kuwait.
Portanto, as ações da Rio + 20 precisam ser incisivas para tornar o mundo masculino e feminino menos desigual. Há ainda muitos espaços a serem alcançados pelas mulheres no Brasil e no mundo, como espaços de poder, respeito e de valor na sociedade. Mulheres nos espaços de poder já!
Silmara Conchão – Professora, Pesquisadora e Socióloga da Faculdade de Medicina do ABC - FUABC

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